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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

102 - LUNHO - Vista aérea

 
-LUNHO (Vista aérea):  Esta foto é do "famoso" aquartelamento do Lunho e só os que lá cumpriram "Missão" ou que por ali passaram ou visitaram como foi o meu caso é que poderão ajuizar o que é viver longe de tudo e de todos no meio do mato, sujeitos a ataques da Frelimo a qualquer momento e ter capacidade para dar resposta aos mesmos.
-Estive em Nova Coimbra a cerca de 15/20 Km (?), (onde a situação era parecida embora ali a dois Km existisse o aldeamento do mesmo nome, onde nós íamos pelo menos aos Domingos) e apenas lá fui uma vez para visitar o meu camarada da "Ferrugem", aproveitando a coluna que foi colocar a minha companhia no mato para uma operação, mas fiz jura de não mais lá voltar, pois no regresso fomos emboscados na picada e embora sem consequências, apanhei um valente susto.  Eu não era especialista atirador, mas mesmo assim ainda consegui disparar dois carregadores da G3 na direcção do mato. Uffa... Nunca mais. 


3 comentários:

Bernardino Peixoto. disse...

Dia 19 de Novembro de 1972 num domingo à tarde a Companhia de checas da 4141 os gaviões passamos a Nova Coimbra encontrá-mos um aldeamento com várias palhotas onde habitavam homens mulheres e crianças de raça negra e um aquartelamento onde estava estalada a C.CAC.3368 (Os Romanos)que à nossa passagem nos deram uma grande recepção gritando bem alto:checa é pior que turra ides para o mato ides para o inferno do Lunho.A coluna auto lá continuava a sua marcha bastante lenta que à frente iam soldados com uns detetores e uns paus com uns ferros espetados na ponta a detectarem alguma mina na picada.Pouco tempo depois lá avistei um aglomerado de latas e canas de bambu era o Lunho.As viaturas da coluna fizeram o seu estacionamento e lá sai-mos e entramos para dentro do aquartelamento onde se encontrava à nossa espera uma companhia se soldadosjá velhinhos na arte erpertana da guerra no saudaram com alegria.Nos rodearam nos falaram de uma ponte que tinha de ser bem guardada das picagens na picada nas operações e capinagem.Essa companhia era a 3392 que no dia seguinte tomaram rumo para outro destino o Lunho a partir desse dia estava entregue à 4141.Senti que me encontrava longe de todos e de tudo senti que estava na guerra numa zona muito perigosa zona de 100%.Sentimento só e desamparado quando recebia correio coisa que acontecia vulgarmente duas vezes por semana eram dias grandes estes em que podia fazer leituras epistulares embora o miserável bocado de papel não fosse o melhor meio de comunhão entre as pessoas.Pude ver uma capela sem padre que deixava circular livremente a luz e o ar sobre umas chapas de zinco e por entre umas colunas de madeira que sustentavam o teto zincado.Via-se uma cruz na frente do local destinado à oração mas esquecido para tal fim.Era pois o indicativo e só de capela ou algo análogo.. Dentro desta e debaixo destas folhas metálicas encontram-se ao fundo umas cruzes imperfeitas uma Santa aparecida na Miandica de terço a pender das mãos ar triste talvez por se encontrar num ambiente bélico e sem estatutos.Uma chapa em ferro sobre um bidon servindo de altar para a celebração do Santo Oficio.Capela dos Bidons.

Bernardino Peixoto. disse...

Perto do Lunho ixistia uma base Inimiga a quem lhe chamavam a Mepotex ninguem lá conseguia penetrar.O terreno era rabinado e o pessoal não conseguiam lá penetrar dado que os trilhos se encontrávam armadilhados e fora dos mesmos era impossível a progressão.Reunido o senado o chefe covocou uma operação a nível de Companhia para irmos arrazar com a dita Mepotex.Capturar o possível em vês de matar trazer armas e bens que lhes pertenciam.A formatura foi feita na parada com determinado numero de homens nos foram distribuídas ração de combate alimento que nos foi fornecido para nos podermos manter em pé nos dias em que tinhamos de dormir sob o firmamento e com as costas ao rolento.A despedida dos rapazes que fizeram parte da operação foi análoga haviam lágrimas que rebentavam.Os que partiam para o mato abraçavam os que ficavam para defender o bairro de latas confortando-nos e nos desejaram uma boa estadia no mato.parece que partia-mos para muito longe e que nunca mais nos iriam ver parece que partia-mos para um jogo de vida ou de morte.O pessoal lá partiu para o mato onde chegamos à dita Mepotex no dia 29 de Janeiro de 1973 encontramos um rio e o Comandante da Companhia ordenou que fizesse-mos uma pausa para serem escalados os homens que iam participar no assalto.Feita a escala lá seguimos apenas onze homens o restante ficaram junto do rio da Mepotex com o Comandante da Companhia.Ao seguir a marcha encontramos uma enorme machamba com uma palhota onde se encontrava um guerrilheiro da FRELIMO de vijia.Quando deu pela nossa presença se pós em fuga correndo pelo trilho para avisar os seus camaradas que iam ser atacados.O trilho era rabinado e com uma inclinação muito acentuada dado que não foi possível fazer a captura corremos em fila indiana e quando chegamos ao cimo fizemos o cerco e fomos logo recebidos com fogo de armas ligeiras e nós respondendo com rajadas de G.3 eu me coloquei detrás de uma árvore deitado no solo quando senti uma rajada do inimigo a passar por cima de mim as balas se alojaram numa árvore que se encontrava na retaguarda.Depois de ter terminado o tiroteio o inimigo se pôs em fuga quando nos aproximamos perto da base encontramos cerca de trinta palhotas e com o Ronson da picada chegamos fogo para a destruição das mesmas.Em seguida fomos atacados pelo morteiro 82 tivemos de fujir pelo mesmo trilho para junto dos nossos camararadas que se encontravam junto do rio.Foi feita a retirada do local caminhamos cerca de três kilometros fizemos uma pausa para o merecido almoço (ração de combate) quando um camarada nosso deu pela presença de três guerrilheiros da FRELIMO que nos fez a perseguição reagimos de imediato com fogo de G.3 e morteiro 60 os guerrilheiros se puzeram em fuga.Foi feita a retirada do local e começamos a caminhar pelo trilho em direção ao aquartelamento do Lunho quando fomos surpreendidos por um enorme me enxame de abelhas.

Bernardino Peixoto. disse...

A chegada de um "checa" caloiro ao Lunho na arte espertana era deveras interessante e divertida para aqueles que não estavam abituados a grandes obras de divertimento.Aparecia uma terciária todo enfiado amarelo branco pálido bem uniformizado e de galões ou divisas a brilhar.A cara deixa transparecer o seu cogito a sua alma.Na alma que transparece no rosto lia-se adeus vida adeus namorada adeus mulher adeus civilização estou no buraco do Lunho.Mas o checa começa a ficar velhinho um dia foi escalado para tomar parte de mais uma rotineira passeadela pela Mepotxe.Comanda um grupo com todas as precauções teóricas que os seus instrutores lhe incutiram na memória. Os soldados dado que já eram veteranos na mata comessavam-se a rir e a ver com ar ridículo as atitudes do checa.Contudo o checa foi ao objetivo dado que era caloiro.Necessitando de meter gasolina no aparelho digestivo mandou montar um pequeno auto para o efeito.O Zé turra gostava muito de nos seguir e neste dia foi mesmo o que sucedeu. Entre os nossos houve um que veu aparecer no meio do capim aquelas cabeças com cabelo acarapinhado.Avisou o seu comandante de secção que era das operações difíceis. Faz a pontaria esperou a aproximação do alvo e primiu o gatilho na hora exata. Foi mais um dos elementos subversivos que tombom. Era aínda manhã o sol aínda não se tinha afastado do horizonte.O moribundo trazia na mão além da arma que não chegou a utilizar uma cana de açúcar com a qual tomava o seu pequeno almoço. O cadáver caiu por terra a mão abriu e a cana ficou entre os dedos do moribundo.O caçador especial que atingiu o rebelde foi procurar a arma viu a cana viu o sangue de um homem viu o efeito da sua arma viu o que o que o seu dedo provocou viu um cadáver prostrado por terra viu um homem sem vida viu os buracos dos projécteis da sua arma viu ...Voltou para junto dos seus camaradas de campanha a transpirar mas sentindo bastante frio que lhe causou arrepios.Sentiu glória sentiu frustração sentiu remorsos sentiu-se mal sentiu uma reacção que acabou por ficar emocionado.A operação termina e voltamos ao quartel na hora da chegada parecia mais um grande hotel que um bairro de latas.O homem das operações difíceis traz o seu troféu do campo de batalha.Tudo isto se teria ivitado se o homem não tenta fugir tudo isto seria evitado se ele o moribundo não tive-se abraçado conscientemente ou inconscientemente a vida da rebaldia.Não cheguei a perceber porque razão havia gente que vivia na mata gente que vivia primitivamente gente que gostava de viver em pé de guerra e só porque não queriam viver à sombra da bandeira verde e vermelha. Sei que esta subversão é do exterior oriunda e alimentada mas quem sofreu as funestas e consequências são os que cá vivem eram inocentes eram inconscientes e todos nós.